domingo, 11 de outubro de 2009

Vícios de Linguagem


Qualquer desvio das normas gramaticais pode ser considerado um vício de linguagem.

BARBARISMO

É o desvio relativo à palavra. É quando grafamos ou pronunciamos uma palavra que não está de acordo com a norma culta. Pode ser:

Pronúncia
- Pograma (o certo seria programa)
- Rúbrica (o certo seria rubrica)

Grafia
- Etmologia (o certo seria etimologia)
- Advinhar (o certo seria adivinhar)
- Seguimentos (o certo seria segmentos)
- Maizena (o certo seria maisena)

Morfologia
- Quando eu pôr o vestido (o certo seria puser)

Semântica
- Assim que chegaram à metrópole, absolveram a poluição (o certo seria absorveram)

Estrangeirismos
- Show, menu, know-how, hall.

SOLECISMO
É o desvio em relação à sintaxe. Pode ser:

De concordância
- Haviam pessoas. (o certo seria havia)
- Fazem dois meses. (o certo seria faz)
- Faltou muitos alunos. (o certo seria faltaram)

De regência
- Obedeça o chefe. (o certo seria ao chefe)
- Assisti o filme. (o certo seria ao filme)

De colocação
- Tinha ausentado-me.
- Não espere-me.

CACÓFATO
É o som desagradável, obsceno.

- Hilca ganhou.
- Vou-me já.
- Ele marca gol.
- Boca dela.

ECO
Repetição desagradável de terminações iguais.

- Vicente já não sente dores de dente tão freqüentemente como antigamente quando estava no Oriente.

OBS: O eco na prosa é considerado um vício, um defeito. Já na poesia é o fundamento da rima.

COLISÃO
Aproximação de sons consonantais idênticos ou semelhantes.

- Sua saia saiu suja da máquina.

HIATO
Aproximação de vogais idênticas

- Traga a água.
- Trago o ovo.

AMBIGÜIDADE
É o duplo sentido.

- O cachorro do seu irmão avançou sobre o amigo.

PRECIOSISMO
Exagero da linguagem.

- Na pretérita centúria, meu progenitor presenciou o acasalamento do astro-rei com a rainha da noite.

(ou seja: No século passado, meu avô presenciou um eclipse solar.)

ARCAISMOS
Uso de expressões que caíram em desuso.

PLEBEÍSMO
Qualquer desvio que caracteriza a falta de instrução.
As gírias são um bom exemplo de plebeísmo.

PLEONASMO
Repetição desnecessária de uma expressão.

- Criar novos…
- Hemorragia de sangue
- Subir para cima
- Panorama geral
- Antecipar para antes

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Processos de Formação das Palavras


FORMAÇÃO DAS PALAVRAS


INTRODUÇÃO

Neste tutorial iremos verificar a estrutura e a formação das palavras.

Primeiramente será estudada a estrutura da palavra, ou seja, como ela é formada. Em seguida o processo de formação das palavras.


ESTRUTURA DAS PALAVRAS

A palavra é subdivida em partes menores, chamadas de elementos mórficos.

Exemplo: gatinho – gat + inho

Infelizmente – in + feliz + mente


ELEMENTOS MÓRFICOS
Os elementos mórficos são:

Radical;
Vogal temática;
Tema;
Desinência;
Afixo;
Vogais e consoantes de ligação.


RADICAL
O significado básico da palavra está contido nesse elemento; a ele são acrescentados outros elementos.

Exemplo: pedra, pedreiro, pedrinha.

VOGAL TEMÁTICA
Tem como função preparar o radical para ser acrescido pelas desinências e também indicar a conjugação a que o verbo pertence.

Exemplo: cantar, vender, partir.

OBSERVAÇÃO:

Nem todas as formas verbais possuem a vogal temática.


Exemplo: parto (radical + desinência)


TEMA


É o radical com a presença da vogal temática.

Exemplo: choro, canta.


DESINÊNCIAS
São elementos que indicam as flexões que os nomes e os verbos podem apresentar. São subdivididas em:

DESINÊNCIAS NOMINAIS;
DESINÊNCIAS VERBAIS.

DESINÊNCIAS NOMINAIS – indicam o gênero e número. As desinências de gênero são a e o; as desinências de número são o s para o plural e o singular não tem desinência própria.

Exemplo: gat o

Radical desinência nominal de gênero

Gat o s

Radical d.n.g d.n.n


d.n.g » desinência nominal de gênero

d.n.n » desinência nominal de número



DESINÊNCIAS VERBAIS – indicam o modo, número, pessoa e tempo dos verbos.
Exemplo: cant á va mos

Radical v.t d.m.t d.n.p
v.t » vogal temática
d.m.t » desinência modo-temporal
d.n.p » desinência número-pessoal


AFIXOS

São elementos que se juntam aos radicais para formação de novas palavras. Os afixos podem ser:

PREFIXOS – quando colocado antes do radical;
SUFIXOS – quando colocado depois do radical



Exemplo:
Pedrada.
Inviável.
Infelizmente


VOGAIS E CONSOANTES DE LIGAÇÃO

São elementos que são inseridos entre os morfemas (elementos mórficos), em geral, por motivos de eufonia, ou seja, para facilitar a pronúncia de certas palavras.

Exemplo: silvícola, paulada, cafeicultura.


PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
Inicialmente observemos alguns conceitos sobre palavras primitivas e derivadas e palavras simples e compostas:



PALAVRAS PRIMITIVAS – palavras que não são formadas a partir de outras.
Exemplo: pedra, casa, paz, etc.


PALAVRAS DERIVADAS – palavras que são formadas a partir de outras já existentes.
Exemplo: pedrada (derivada de pedra), ferreiro (derivada de ferro).



PALAVRAS SIMPLES – são aquelas que possuem apenas um radical.
Exemplo: cidade, casa, pedra.


PALAVRAS COMPOSTAS - são palavras que apresentam dois ou mais radicais.

Exemplo: pé-de-moleque, pernilongo, guarda-chuva.



Na língua portuguesa existem dois processos de formação de novas palavras: derivação e composição.


DERIVAÇÃO

É o processo pelo qual palavras novas (derivadas) são formadas a partir de outras que já existem (primitivas). Podem ocorrer das seguintes maneiras:

Prefixal;
Sufixal;
Parassintética;
Regressiva;
Imprópria.


PREFIXAL – processo de derivação pelo qual é acrescido um prefixo a um radical.

Exemplo: desfazer, inútil.

Vejamos alguns prefixos latinos e gregos mais utilizados:

PREFIXO LATINO PREFIXO GREGO SIGNIFICADO EXEMPLOS
PREF. LATINO PREF. GREGO
Ab-, abs- Apo- Afastamento Abs ter Apo geu
Ambi- Anfi- Duplicidade Ambí guo Anfí bio
Bi- di- Dois Bí pede Dí grafo
Ex- Ex- Para fora Ex ternar Êx odo
Supra Epi- Acima de Supra citar Epi táfio



SUFIXAL – processo de derivação pelo qual é acrescido um sufixo a um radical.

Exemplo: carrinho, livraria.


Vejamos alguns sufixos latinos e alguns gregos:


SUFIXO LATINO EXEMPLO SUFIXO GREGO EXEMPLO
-ada Paulada -ia Geologia
-eria Selvageria -ismo Catolicismo
-ável Amável -ose Micose



PARASSINTÉTICA – processo de derivação pelo qual é acrescido um prefixo e sufixo simultaneamente ao radical.

Exemplo: anoitecer, pernoitar.

OBSERVAÇÃO :
Existem palavras que apresentam prefixo e sufixo, mas não são formadas por parassíntese. Para que ocorra a parassíntese é necessários que o prefixo e o sufixo juntem-se ao radical ao mesmo tempo. Para verificar tal derivação basta retirar o prefixo ou o sufixo da palavra. Se a palavra deixar de ter sentido, então ela foi formada por derivação parassintética. Caso a palavra continue a ter sentido, mesmo com a retirada do prefixo ou do sufixo, ela terá sido formada por derivação prefixal e sufixal.



REGRESSIVA - processo de derivação em que são formados substantivos a partir de verbos.
Exemplo: Ninguém justificou o atraso. (do verbo atrasar)
O debate foi longo. (do verbo debater)


IMPRÓPRIA - processo de derivação que consiste na mudança de classe gramatical da palavra sem que sua forma se altere.
Exemplo: O jantar estava ótimo


COMPOSIÇÃO

É o processo pelo qual a palavra é formada pela junção de dois ou mais radicais. A composição pode ocorrer de duas formas:



JUSTAPOSIÇÃO e AGLUTINAÇÃO.

JUSTAPOSIÇÃO – quando não há alteração nas palavras e continua a serem faladas (escritas) da mesma forma como eram antes da composição.

Exemplo: girassol (gira + sol), pé-de-moleque (pé + de + moleque)



AGLUTINAÇÃO – quando há alteração em pelo menos uma das palavras seja na grafia ou na pronúncia.
Exemplo: planalto (plano + alto)


Além da derivação e da composição existem outros tipos de formação de palavras que são hibridismo, abreviação e onomatopéia.


ABREVIAÇÃO OU REDUÇÃO
É a forma reduzida apresentada por algumas palavras:

Exemplo: auto (automóvel), quilo (quilograma), moto (motocicleta).


HIBRIDISMO
É a formação de palavras a partir da junção de elementos de idiomas diferentes.

Exemplo: automóvel (auto – grego + móvel – latim), burocracia (buro – francês + cracia – grego).


ONOMATOPÉIA
Consiste na criação de palavras através da tentativa de imitar vozes ou sons da natureza.

Exemplo: fonfom, cocoricó, tique-taque, boom!.


Finda-se mais um tutorial onde pudemos observar o seguinte:

A estrutura das palavras contém o radical (elemento estrutural básico), afixos (elementos que se juntam ao radical para formação de novas palavras – PREFIXO e SUFIXO), as desinências (nominais – indicam gênero e número e verbais – indicam pessoa, modo, tempo e número dos verbos), a vogal temática (que indicam a conjugação do verbo – a, e, i) e o tema que é a junção do radical com a vogal temática.
Já no processo de formação das palavras temos a derivação, subdividida em prefixal, sufixal, parassíntese, regressiva e imprópria e a composição que se subdivide em justaposição e aglutinação. Além desses dois processos temos o hibridismo, a onomatopéia e a abreviação como processos secundários na formação das palavras.

Pontuação

Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na língua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua falada, tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas, etc...

Divisão e emprego dos sinais de pontuação:

1- PONTO ( . )

a) indicar o final de uma frase declarativa.
Ex.: Lembro-me muito bem dele.

b) separar períodos entre si.
Ex.: Fica comigo. Não vá embora.

c) nas abreviaturas
Ex.: Av.; V. Ex.ª


2- DOIS-PONTOS ( : )

a) iniciar a fala dos personagens:
Ex.: Então o padre respondeu:
- Parta agora.

b) antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou seqüência de palavras que explicam, resumem idéias anteriores.
Ex.: Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto.

c) antes de citação
Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”


3- RETICÊNCIAS ( ... )

a) indicar dúvidas ou hesitação do falante.
Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece.

b) interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta
Ex.: - Alô! João está?
- Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...

c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento de idéia.
Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília- José de Alencar)

d) indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita.
Ex.: “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros- Raimundo Fagner)


4- PARÊNTESES ( ( ) )

a) isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e datas.
Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inúmeras perdas humanas.
"Uma manhã lá no Cajapió ( Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim do verão. “ (O milagre das chuvas no nordeste- Graça Aranha)

Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.


5- PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )

a) Após vocativo
Ex.: “Parte, Heliel! “ ( As violetas de Nossa Sra.- Humberto de Campos)

b) Após imperativo
Ex.: Cale-se!

c) Após interjeição
Ex.: Ufa! Ai!

d) Após palavras ou frases que denotem caráter emocional
Ex.: Que pena!


6- PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )

a) Em perguntas diretas
Ex.: Como você se chama?

b) Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação
Ex.: - Quem ganhou na loteria?
- Você.
- Eu?!


7- VÍRGULA ( , )

É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática.
Ex.: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena.

Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula.

Não se separam por vírgula:
a) predicado de sujeito;
b) objeto de verbo;
c) adjunto adnominal de nome;
d) complemento nominal de nome;
e) predicativo do objeto do objeto;
f) oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa)

A vírgula no interior da oração

É utilizada nas seguintes situações:

a) separar o vocativo. Ex.: Maria, traga-me uma xícara de café.
A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.

b) separar alguns apostos. Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.

c) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado.
Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você.
As pessoas, muitas vezes, são falsas.

d) separar elementos de uma enumeração.
Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.

e) isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo.
Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a viagem.

f) separar conjunções intercaladas.
Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.

g) separar o complemento pleonástico antecipado.
Ex.: A mim, nada me importa.

h) isolar o nome de lugar na indicação de datas.
Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.

i) separar termos coordenados assindéticos.
Ex.: "Lua, lua, lua, lua,
por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso)

j) marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo).
Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)

Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dispensam o uso da vírgula. Ex.: Conversaram sobre futebol, religião e política.

Não se falavam nem se olhavam./ Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou Ceará.
Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser obrigatório.
Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de sétimo dia.

A vírgula entre orações

É utilizada nas seguintes situações:

a) separar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.

b) separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as iniciadas pela conjunção e ). Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho. Estudou muito, mas não foi aprovado no exame.

Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção e:

1) quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.

2) quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

3) quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, conseqüência, por exemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

c) separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal.

Ex.: "No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho."( O selvagem - José de Alencar)

d) separar as orações intercaladas. Ex.: "- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."

Essas orações poderão ter suas vírgulas substituídas por duplo travessão. Ex.: "Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."

e) separar as orações substantivas antepostas à principal.
Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei


8- PONTO-E-VÍRGULA ( ; )

a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma seqüência, etc.
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares:

I- advertência;
II- suspensão;
III- demissão;
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V- destituição de cargo em comissão;
VI- destituição de função comissionada. ( cap. V das penalidades Direito Administrativo)

b) separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula.
Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)


9- TRAVESSÃO ( - )

a) dar início à fala de um personagem
Ex.: O filho perguntou:
- Pai, quando começarão as aulas?

b) indicar mudança do interlocutor nos diálogos
- Doutor, o que tenho é grave?
- Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom

c) unir grupos de palavras que indicam itinerário
Ex.: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo estado.

Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases explicativas
Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.


10- ASPAS ( “ ” )

a) isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares.
Ex.: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador.
A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.

b) indicar uma citação textual
Ex.: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. ( O prazer de viajar - Eça de Queirós)

Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de novas aspas, estas serão simples. ( ' ' )

Recursos alternativos para pontuação:
Parágrafo ( § )
Chave ( { } )
Colchete ( [ ] )
Barra ( / )

Autoria: Monoel Jorge Franca

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Não use a crase

Em meio a tantas exceções, às vezes é mais simples você memorizar quando a crase não é utilizada do que quando é!

Então, vejamos os casos:

1. Antes de palavras, substantivos masculinos:

a) Ele veio a pé.
b) Não vendemos a prazo.
c) Vamos conhecer a fazenda a cavalo.
d) Você deve se vestir a caráter.
e) Ele foi a diferentes lugares.

2. Antes de verbo no infinitivo:

a) Começou a sorrir quando dei a notícia!
b) Ficou a pensar nela o dia todo!
c) Estava a celebrar sua vitória!

3. Diante de nomes de cidades:

a) Chegou a Belo Horizonte em segurança.
b) Quem tem boca, vai a Roma.
c) Foi a Vitória conhecer o mar.

Detalhe importante: Quando especificar a cidade, coloque a crase: Irei à Veneza dos apaixonados. Refiro-me à Inglaterra do século XVIII.

4. Em substantivos que se repetem: gota a gota, cara a cara, dia a dia, frente a frente, ponta a ponta.

5. Diante de pronomes (pessoais, demonstrativos, de tratamento, indefinidos e relativos):

a) Solicitei a ela que tivesse calma, pois tudo daria certo!
b) Você vai sair a esta hora?
c) Comunicarei a Vossa Alteza a sua decisão!
d) Dê comida a qualquer um que tenha fome!
e) Agradeço a Deus, a quem pertence tudo que sou e tenho!

6. Antes do artigo indefinido “uma”: Ele foi a uma comunhão.

7. Diante de palavras, substantivos no plural:

a) Alugaremos as salas deste prédio!
b) Não gosto de ficar próximo a pessoas que conversam demais!
c) Gosto de ir a praças para ler!

8. Antes de números cardinais: Vou embora daqui a quinze minutos.

9. Antes de nomes de mulheres consideradas célebres:

a) Refiro-me a Brigitte Bardot e sua má postura!
b) Este livro faz referência a Joana D’Arc.

10. Diante das palavras “dona” e “madame”:

a) Ele entregou o documento a Dona Ana.
b) Ele se dirigiu a madame com todo respeito.

11. Diante da palavra “casa” quando significar o lugar de moradia: Foi a casa. Voltou a casa.

Detalhe importante: Se a palavra “casa” vier determinada por adjunto adnominal, aceita a crase: Fui à casa de meus avós ou Voltei à casa de meus pais.

12. Diante da palavra “terra” quando significar “terra firme”: Após viajarmos muito pelos mares, voltamos a terra.

Observação importante:

O uso da crase é facultativo: antes de possessivo (Leve o presente à/a sua amiga); antes de nomes de mulheres que não sejam célebres (Foi à/a Ana falar de seu amor) e com “até”: Foi até à/a escola mais próxima fazer sua matrícula.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Função referencial ou denotativa: transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do singular ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação além da que está exposta.
Em alguns textos é mais predominante essa função, como: científicos, jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências comerciais.

Por exemplo: “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. O Popular, 16 out. 2008.

Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de exclamação, interrogação e reticências) é uma característica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico.

Por exemplo: “Porém meus olhos não perguntam nada./ O homem atrás do bigode é sério, simples e forte./Quase não conversa./Tem poucos, raros amigos/o homem atrás dos óculos e do bigode.” (Poema de sete faces, Carlos Drummond de Andrade)

Função conativa ou apelativa: O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em textos publicitários, em discursos políticos ou de autoridade.

Por exemplo: Não perca a chance de ir ao cinema pagando menos!

Função metalingüística: Essa função refere-se à metalinguagem, que é quando o emissor explica um código usando o próprio código. Quando um poema fala da própria ação de se fazer um poema, por exemplo. Veja:

“Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.”

Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poema dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o próprio ato de fazer um poema.

Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o emissor, um contato para verificar se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a conversa.
Quando estamos em um diálogo, por exemplo, e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, estamos utilizando este tipo de função ou quando atendemos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.

Função poética: O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos através de textos que podem ser enfatizados por meio das formas das palavras, da sonoridade, do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de combinações dos signos lingüísticos. É presente em textos literários, publicitários e em letras de música.

Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0

Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa a idéia do dia-a-dia de um banqueiro, de acordo com o poeta.